Costa Guimarães
Correio do Minho
Um deputado por Braga
Quantas vezes se diz mal dos nossos deputados à Assembleia da República, metendo-os todos no mesmo saco. A generalização é sempre um acto de desonestidade gerado pela preguiça intelectual e pela determinada vontade de não querer ver (a pior cegueira, não é?) Parafraseando o autor do hino da Alegria, celebrizado por Beethoven, António José Seguro, deputado eleito por Braga, tem sido um homem valente porque é dos poucos que tem pensado em si mesmo em ultimo lugar, dando prioridade aos interesses superiores dos que o elegeram. António José Seguro foi o único que se atreveu, dentro do grupo socialista a condenar não tributação de dividendos antecipados nas empresas. Marchou contra essa deslealdade para com os portugueses num contexto de austeridade, porque “ninguém pode ficar excluído dos sacrifícios”. “A única coisa que vos quero dizer é que sou fiel a um princípio: o país, no estado em que está, em que pede sacrifícios aos portugueses, esses sacrifícios têm de ser partilhados por todos de uma forma justa, ninguém pode ficar excluído desses sacrifícios e, por isso, fiz duas propostas no grupo parlamentar nesse sentido e uma delas tem a ver com a necessidade de haver uma iniciativa autónoma que permita que os dividendos que algumas empresas se preparam para antecipar sejam objecto de um imposto ou de uma taxa”, afirmou António José Seguro. Para este deputado eleito por Braga, “todos devem dar contributos no sentido” da moralização da vida pública e “ninguém pode ficar de fora”. Mais, disse o deputado que os bracarenses elegeram: “quando se pedem sacrifícios a toda a gente, todas as pessoas têm de fazer um esforço nesse sentido, não seria aceitável que os que mais têm pudessem aproveitar uma situação legal, que do ponto de vista legal não tem nenhum problema, mas que do ponto de vista moral, a meu ver, configura uma deslealdade com aquilo que é pedido aos portugueses que menos têm”. “Ninguém — conclui — se pode pôr de fora desse esforço, sobretudo quando são pedidos às pessoas com menos posses e menos rendimentos, é importante que as pessoas que têm mais rendimentos possam também do ponto de vista ético e moral fazer um esforço nesse sentido (…) todos os sinais, vindos da política, do sector empresarial, de todos os sectores da sociedade portuguesa, sejam sinais de que todos estão disponíveis para este esforço nacional, é isso que se pede e é aquilo que eu como deputado considero que é minha obrigação, que é meu dever”. Esta posição pode não resultar em nada, mas marca a diferença de um eleito que é “penhor de segurança” para quem acreditou nele e mostra como é errado enfiar todos os deputados no mesmo saco da incoerência. A António José Seguro alia-se também a presença frequente junto daqueles que o elegeram. Com um deputado destes, além de termos um pouco mais de segurança, sentimos que não nos abandonou depois de nos apanhar o voto. A diferenciação positiva da fidelidade ao dever tem de ser celebrada
para travar a generalização dos deputados “maria vai com as outras”…
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