Elogio do chefe da estação de Braga da CP por: Nicolau Santos in Expresso, 9 de Dez de 2008.
Há dias assim, ou porque se está mais cansado ou porque o biorritmo anda na parte inferior da curva sinusoidal ou porque a carta astrotógica não ajuda.
Há duas semanas tive de ir ao Porto em serviço. Apanhei o Alfa pendular na ventosa estação do Parque das Nações, desenhada por esse grande arquitecto que dá pelo nome de Alberto Calatrava e que faz obras notáveis por todo o mundo - embora nesta, lamentavelmente, se tenha esquecido que a obra em causa se destinava a ser usada por humanos, pessoas de carne e osso, que certamente adoram escultura, mas que ficam agradecidas quando lhes dão também um pouco de conforto...
Mas adiante. Ia o comboio por alturas de Coimbra quando eu devo ter adormecido. De tal modo que, quando acordei, dou por mim a ver ficar para trás a estação de Famalicão. Famalicão?! Mesmo não sendo a geografia de Portugal o meu forte, tive desde logo a terrível sensação de que o Porto já tinha ficado para trás, sensação confirmada quando no painelzinho vermelho do interior da carruagem lá apareceu a indicação de que a próxima estação era... Braga.
Conformado, lá segui até à Cidade dos Arcebispos, onde estava um frio de rachar às oito da noite. Dirigi-me ao guichet, contei o meu caso ao funcionário que me atendeu e pedi um bilhete de regresso ao Porto no mesmo Alfa onde tinha vindo, e que voltaria a partir dentro de 15 minutos.
O dito funcionário começou por dizer-me que o comboio estava cheio. Fiquei desanimado. Depois percebi que estava cheio - mas só a partir do Porto para Lisboa. E o senhor não só me deu um bilhete na carruagem onde tinha vindo, como disse que não tinha nada a pagar, como, por causa das coisas, escreveu por trás do bilhete, à mão, que o passageiro estava de boa fé e que portanto lhe era passado gratuitamente o bilhete de regresso ao Porto.
Numa terra onde se diz mal de tudo e de mais alguma coisa, principalmente dos serviços públicos, gostava hoje de dizer bem da CP, que tal funcionário tem. E de agradecer do fundo do coração ao funcionário que solucionou, com bom senso, uma situação que, se seguisse à risca o livro de instruções, poderia ter recusado resolver.
Há duas semanas tive de ir ao Porto em serviço. Apanhei o Alfa pendular na ventosa estação do Parque das Nações, desenhada por esse grande arquitecto que dá pelo nome de Alberto Calatrava e que faz obras notáveis por todo o mundo - embora nesta, lamentavelmente, se tenha esquecido que a obra em causa se destinava a ser usada por humanos, pessoas de carne e osso, que certamente adoram escultura, mas que ficam agradecidas quando lhes dão também um pouco de conforto...
Mas adiante. Ia o comboio por alturas de Coimbra quando eu devo ter adormecido. De tal modo que, quando acordei, dou por mim a ver ficar para trás a estação de Famalicão. Famalicão?! Mesmo não sendo a geografia de Portugal o meu forte, tive desde logo a terrível sensação de que o Porto já tinha ficado para trás, sensação confirmada quando no painelzinho vermelho do interior da carruagem lá apareceu a indicação de que a próxima estação era... Braga.
Conformado, lá segui até à Cidade dos Arcebispos, onde estava um frio de rachar às oito da noite. Dirigi-me ao guichet, contei o meu caso ao funcionário que me atendeu e pedi um bilhete de regresso ao Porto no mesmo Alfa onde tinha vindo, e que voltaria a partir dentro de 15 minutos.
O dito funcionário começou por dizer-me que o comboio estava cheio. Fiquei desanimado. Depois percebi que estava cheio - mas só a partir do Porto para Lisboa. E o senhor não só me deu um bilhete na carruagem onde tinha vindo, como disse que não tinha nada a pagar, como, por causa das coisas, escreveu por trás do bilhete, à mão, que o passageiro estava de boa fé e que portanto lhe era passado gratuitamente o bilhete de regresso ao Porto.
Numa terra onde se diz mal de tudo e de mais alguma coisa, principalmente dos serviços públicos, gostava hoje de dizer bem da CP, que tal funcionário tem. E de agradecer do fundo do coração ao funcionário que solucionou, com bom senso, uma situação que, se seguisse à risca o livro de instruções, poderia ter recusado resolver.
*Correcção ao autor: não existe chefe da Estação em Braga. via: comboios XXI
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